"Mamãe, está tudo tão diferente!"
Me disse a Giovanna (minha filha de 7 anos) na hora de dormir.
Bem ontem que eu acreditava que ela iria adormecer rapidamente pois eu tinha muitas coisas para fazer…
Eu não havia me planejado para isso ontem…
Mas a minha responsabilidade como mãe não é forçar a minha filha a dormir, e sim encontrá-la num ponto de relaxamento onde o dormir simplesmente aconteça.
Então eu simplesmente disse: “O que está diferente, filha?”
E ela me disse:
“Tudo está diferente! A vovó morreu , eu não falo e brinco mais com ela. Você está sempre trabalhando esses dias. Está tudo diferente!”
Eu pausei…
Me coloquei no lugar dela…
E doeu em mim!
E agora? O que eu faço com isso? Bem na hora de dormir!
Nessa pausa, eu também fui gentil comigo mesma e pensei:
“Também está tudo diferente pra mim! Eu também não havia planejado que a minha mãe adoecesse e em apenas 2 meses morresse.
Não estava em meus planos.
Tudo ficou de cabeça para baixo!”
Então respirei e respondi a ela:
“Tudo está diferente mesmo, filha! E juntas nós vamos passar por isso.
Obrigada por abrir o seu coração e me falar como você está se sentindo. Eu sinto muito que você sinta que eu só estou trabalhando.
Você está sentindo falta de fazer mais coisas com a mamãe?”
Veja bem: Quando o assunto é o momento de adormecer, não existe um método ou fórmula que desligue a criança.
Eu não tenho uma técnica para te dar, mas tenho informações para auxiliar nós, adultos, a cumprir nosso papel e permitir que a criança se sinta segura o suficiente para se entregar ao sono.
E continuei:
“Eu imagino quão difícil esteja sendo para você. A mamãe també está triste, muitas coisas para fazer pois quando fomos para o Brasil eu não consegui trabalhar pois a vovó precisava de mim.”
“O meu plano era ter terminado tudo naqueles meses para agora nas suas férias ficar só com vocês. Infelizmente não deu. Mas quero que você saiba que cuidar de você sempre será minha prioridade. Me desculpa!”
A realidade dos fatos é que desde que ela entrou de férias com a irmã, eu não estou trabalhando sempre…
Mas quando elas estão na escola eu trabalho apenas quando elas estão na escola…
Como elas estão em casa, elas têm me visto mais vezes com o computador.
Eu realmente tenho muita coisa para fazer, mas tenho intercalado entre brincar com elas e brincar.
Mas anote isso que vou te contar:
Não importa a realidade dos fatos, para as crianças o que vale é a narrativa que elas têm do acontecimento.
Nada que eu tente falar para convence-la sobre a minha verdade vai mudar a forma que ela se sente.
Eu sei a verdade, mas a forma que ela se sente é a verdade dela!
Então como resolver?
Bom, crianças não são objetos para serem resolvidas por nós. Estamos falando de ser humano para ser humano.
A resolução está em ouví-la, em mostrar que o que ela sente importa, em estarmos juntas no desconforto e entender minha responsabilidade como adulta e decidir o que fazer com isso. É isso!
“O que você está sentindo mais falta de fazer comigo?”
Eu disse para ela. E ela me disse algumas coisas. E eu a agradeci por me pontuar, que no dia seguinte fariamos essas coisas juntas.
Disse a ela que eu ainda precisava trabalhar em alguns momentos, mas quero que ela me fale quando se sentir desconfortável que a gente conversaria.
Ela me abraçou apertado e disse: “Eba! Eu te amo, mamãe! Boa noite!”
E se ajeitou para dormir
No outro dia, quando acordamos, ela pediu para eu ficar na cama e me surpreendeu com esse café da manhã na cama:
E ela me disse:
“Eu fiz isso porque eu te amo.”
Crianças são incríveis!
Elas amam cooperar com a gente, e amam poder dormir em paz!
Acredite nisso!
Mas elas corregulam conosco!
Saiba que essa conexão não é sobre não ter problemas e estar tudo 100% na vida.
Não é sobre isso!
Conexão e segurança são possíveis mesmo em meio a um furacão!
Jessica Moura
Fundadora & Diretora do Family Wellness International Institute